quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A arte de gerenciar

Após tanto tempo sem postar nada, estamos de volta e agora vou tentar novamente pegar firme nas postagens.

Após a promoção de um grande amigo meu à gerência de uma grande empresa paulistana, comecei a pensar nos últimos tempos a respeito da arte de gerenciar. Digo arte porque é uma tarefa que não é exata e depende muito do feeling e do jogo de cintura de quem se arrisca a exercer essa profissão. Além de que exige um alto grau de conhecimento humano.

E é essa característica artística da gerência que acaba ficando muito de fora quando falamos sobre metodologias de projeto, regras, workflows, hierarquias, etc.

Nesse exato momento devem estar pensando que sou um anarquista total que detesta regras. Bem, em partes (rsss). Acredito que regras são necessárias, mas até o ponto onde elas não tirem a capacidade das pessoas tomarem decisões aleatórias que estejam mais de acordo com a situação do que com as regras. Seria um meio termo entre as metodologias clássicas (PMI, CMMI, etc) e agéis (XP, Scrum, etc)

Começando do começo: o pior caso

Acredito que se tratando de gerência existem 2 grandes vilões: burocracia excessiva e pessoas "covardes".

A burocracia peca pelo excesso. Existe tanto a necessidade de controle que entompe-se a rotina diária com formulários, procedimentos, memorandos, etc que acabam por prejudicar o rendimento dos funcionários e minar a extração de informações.

No que tange a execução da tarefa, quanto mais manual ela é, maior a chance de que ela seja esquecida (caso seja procedimento novo) ou que forme um verdadeiro muro de resistência à mudança (caso seja um procedimento existente e praticado há muitos anos). O manual tende a ser chato e tedioso. Na era dos computadores, há mesmo a necessidade de tarefas manuais?

O grande exemplo de burocracia excessiva é o poder público. Montanhas de formulários rosas, verdes, brancos e azuis e quase nenhum controle sobre dados e estatísticas. Vide a catástrofe no Rio de Janeiro onde o governo não tem como controlar e medir dados das Defesas Civis.

Agora se tratando de pessoas, quanto mais "covarde" é um gerente, mais engessado é o processo. Essa covardia não diz respeito ao lado pessoal: é a capacidade do gerente tomar uma decisão de acordo com o momento e mantê-la, mesmo que ela vá contra as regras implantadas, devido a situação ser fora do comum. Normalmente, gerentes com alto nível de expertise ou muito seguros de si tendem a tomar decisões baseadas em seu conhecimento pessoal também, não só nas regras existentes.

Mas uma vez vou tomar como exemplo o funcionalismo público para exemplificar: vocês acham mesmo que seria necessário tantas fases para votar uma nova lei: vereadores, deputados estaduais, deputados federais, senadores e presidente?

O maior gerente (presidente) está tão atrelado às regras que não consegue pôr ordem mesmo quando vê algo errado. Claro que esse caso existe muito mais que covardia envolvida.. rssss

A luz no fim do túnel

Vamos ser realistas: burocracia deve existir. Mas em que ponto ela é prejudicial ao invés de gerencial? Ao implantar um novo processo, acredito piamente que quanto mais automatizado seja ele menor a resistência de implantação do mesmo.Depois de automatizar o máximo possível, tente visualizar se é possível criar um processo em que as partes manuais sejam feitas de forma non-stop: começam e terminam. De uma vez. Sem ser intermitente (a cada hora, por exemplo). Dessa forma, o funcionário precisa somente ajeitar um horário em sua agenda para fazê-lo, e não vários. Claro, a automação das tarefas não é uma regra (lembrem-se: regras existem para definir uma diretriz, não um estilo de vida.. rsss) e não deve ser aplicada em alguns casos, como por exemplo, em processos que envolvam muita interação interpessoal. Procure aplicar automatização em tarefas que consomem tempo e desgastam tanto a clientes como a colaboradores.

Quanto a questão da covardia gerencial, lembro que li certa vez o caso do Steve Jobs, que cria recursos que ELE "acha" que seriam "legais". O "achismo" do Jobs é baseado na sua experiência, no seu feeling e na sua capacidade inovativa e ele é capaz de apostar suas fichas na sua decisão, mesmo que não esteja no portfólio principal da empresa. Isso diferencia um ótimo gerente do bom gerente: o ótimo gerente cria caminhos, inova e motiva a equipe. O bom gerente simplesmente faz o que a organização quer e se mantém atrelado às regras.

E ai? Que tipo de gerente você quer ser?

Nem vou me referir ao péssimo gerente, que além de não ser inovador, é chucro e boçal.

Até o próximo post.